Innocent child por Arcana

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Remorso Póstumo

Quando fores dormir, ó bela tenebrosa
No fundo de uma cripta em mármore lavrada
Quando tiveres só por alcova e morada
O vazio abismal de carneira chuvosa;

Quando a pedra, a oprimir tua fronte medrosa
E teus flancos a arfar de exaustão encantada,
Mudar teu coração numa furna calada
Amarrando-te os pés na rota aventurosa,

 A tumba, confidente do sonho infinito
(Pois toda a vida na tumba há de entender o poeta),
Pela noite imortal onde o sono é prescrito,


Te dirá: "De que serve, hetaira incompleta, 
Não teres conhecido o que choram os mortos?"
E os vermes te roerão assim como os remorsos.

- Charles Baudelaire - 

Nenhum comentário:

Postar um comentário