Innocent child por Arcana

domingo, 1 de junho de 2014

"querida, quando tu fores,
deixando o mundo das dores,
dormir um sono sem fim,
buscarei tua sepultura,
e, tateando a cova escura,
eu irei cingir-te a mim.

e abraço e beijo-te amada,
e tu serena e gelada,
e branca como a cecém;
e, no fervor do meu pranto,
eu te aperto tanto e tanto
que fico morto também.

meia-noite soa quando
os defuntos vão saltando
dos sepulcros em tropel;
e ficamos abraçados,
bem juntinhos, estreitados,
no teu frio mausoléu.

vão-se todos, de repente,
porque deus onipotente
neste instante os vai julgar;
eu, porém, que só contigo
terei o prêmio ou o castigo,
ficarei no meu lugar." 

H Heine - Lied XXXII